quinta-feira, 12 de julho de 2018

Negros morrem e negros matam


O que é um “negro”? Na linguagem comum, cotidiana, é uma pessoa descendente de africanos e com pele indiscutivelmente escura, cabelo encaracolado, etc. Mas não é a adotada na divulgação de notícias e estatísticas que, de forma disfarçada, considera a população negra como a soma da preta e da parda (isto é, mestiça), assim definidas pelo IBGE. Por este critério, pessoas tão diversas quanto o ex-jogador Ronaldo “Fenômeno”, o senador Romário, a atriz Juliana Paes e a cantora Ivete Sangalo poderiam ser classificados como “negros”. Aliás, bastaria que eles se declarassem como tal.

Este truque é utilizado para inflar uma população de apenas 8,2% de pretos para uma maioria de 54,9% de negros (8,2% de pretos e 46,7% de pardos). Um truque tão comum que foi parar na lei nº 12.990, de 09 de junho de 2014 (“Art. 2º Poderão concorrer às vagas reservadas a candidatos negros aqueles que se autodeclararem pretos ou pardos no ato da inscrição no concurso público, conforme o quesito cor ou raça utilizado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE”).
O truque também é utilizado para se alegar que há um genocídio de negros no Brasil. Não, não há. O que existe é um genocídio de brasileiros. Simplesmente não há qualquer pesquisa séria que demonstre que o racismo é causa de mortes violentas no Brasil. E isto é um consenso entre especialistas, como já mencionou o site O antagonista:


Brasil 15.04.18 15:00


“O perfil de quem mata é parecido com o perfil de quem morre”


Este foi o consenso entre a maioria dos especialistas ouvidos pelo G1 sobre os homicídios no Brasil.

(...)

Finalmente, os especialistas reconheceram que há negros que morrem, mas também há negros que matam.


Esta última parte é geralmente omitida por demagogos que tentam transformar em questão racial o problema dos homicídios – o maior do país –, que atinge brasileiros de todas as cores.

Isto fica evidenciado no estudo “Mensurando o tempo do processo de homicídio doloso em cinco capitais” (Brasília : Ministério da Justiça, Secretaria de Reforma do Judiciário, 2014, p. 168). Os pretos e pardos representavam 72% das vítimas com identificação racial, mas também representavam 70% dos autores com identificação racial conhecida.

Somos um país com uma violência inaceitável, com pessoas sendo mortas pelos motivos mais fúteis - mas não pela cor de sua pele. 

Em 2016, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2017), houve 61.283 mortes violentas intencionais (p. 13), novo recorde do país. Destas, 4.606 (7,52%) tiveram como vítimas pessoas do sexo feminino (p. 19). Dizer que as pessoas estão morrendo em razão da cor de sua pele faz tanto sentido quanto dizer que os homens são assassinados pelo simples fato de serem homens, pois representam cerca de 92,5% das vítimas de mortes violentas intencionais. Uma explicação simplista que aparentemente seria fundada em dados - mas errada e demagógica.

Despertar do feminismo

Em 2016, Cassie Jaye lançou o documentário  "The Red Pill" ("A Pílula Vermelha"), sobre o Men's Rights Movement (Movimento pelo Direito dos Homens), que defende que não apenas o feminismo foi longe demais como atualmente os homens são discriminados e prejudicados pelas leis e pelos governos. 

Jaye passou um ano entrevistando membros do Men's Rights Movement e seus críticos, inclusive feministas. O filme mostra não apenas as opiniões (e dados) dos entrevistados, mas também as dúvidas que elas levantam na entrevistadora.

O título é uma referência à cena do filme Matrix (1999) em que se oferece ao protagonista Neo duas escolhas: tomar uma pílula azul e retornar à abençoada ignorância, ou tomar a pílula vermelha e descobrir a realidade - por mais dolorosa que ela seja. 

Antes que o filme fosse exibido, organizações feministas de várias cidades tentaram censurar ou boicotar o filme. Não adiantou: o filme foi exibido, premiado e foi um sucesso de público.


Cassie Jaye fez uma palestra para o TEDx, que pode ser vista aqui:

 Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=3WMuzhQXJoY

Espero que ele sirva para despertar aqueles que ingenuamente acreditam que o feminismo, atualmente, é a defesa de igualdade entre homens e mulheres. Não é, e não é há muitas décadas, desde a chamada segunda onda do feminismo, nos anos 60.